domingo, 22 de maio de 2016

Matemática Divina

Como poderia um só homem perseguir mil, ou dois porem em fuga dez mil? (Deuteronômio 32.30).
Deus não trabalha conforme nossa lógica. Seus pensamentos são totalmente intangíveis e, quando pensamos entendê-los, estamos somente confundidos e perdidos em nossas próprias conclusões.
Na ótica humana é difícil visualizar algo que ultrapasse o palpável e o concreto. Não dá para imaginar o infinito, a eternidade, o que não tem começo, o que surge a partir do nada... A sabedoria e o poder de Deus ultrapassam a medida que a mente humana é capaz de compreender – mesmo que ela pertença à mais inteligente do mundo. Ainda que tenhamos sido criados à imagem e semelhança de Deus, jamais entenderemos sua magnitude e sabedoria. Se sua criação já demonstra obras tão astronômicas, como poderíamos pensar que seria possível medir o Criador com nossas unidades matemáticas tão rudimentares? Na matemática do Senhor, o impossível é alcançado e não pode ser provado pela ciência humana. Suas proporções são multiplicadas numa progressão que chega ao infinito.
Pela sua decisão, um pequeno grupo é capaz de vencer um exército, setenta pessoas (os descendentes de Abraão) conseguem formar um povo tão numeroso quanto as estrelas do céu; cinco pães nas mão de Jesus alimentam uma multidão (e ainda restam doze cestos com sobras). Por fim, um único Homem salva o mundo inteiro!
Deus trabalha com grandes números e porções incontáveis, é generoso em seus favores e faz seu espírito transbordar em nós. Ele age assim para nos instruir e ensinar sobre Seu poder criador, em que a multiplicação acontece a partir da divisão.
Por isso, não tema o tempo de escassez. Creia! Deus não precisa dos nossos recursos para multiplicar o que você precisa para viver.
Divida sua vida com Deus e viva a abundante medida de sua matemática.

Leitura Bíblica:

2 Reis 4.42-44

domingo, 8 de maio de 2016

Ira Divina

Aqui será feita uma reflexão com base no livro de Êxodo mostrando as facetas de Deus tendo como base o dialogo entre um cético e um judeu. Achei muito interessante a pergunta e fiquei surpreso com a resposta.
Cético:
 “O livro de êxodo narra a história de um Deus amoroso que colocou seu povo escolhido na escravidão… Ele então permitiu que o faraó matasse todos os bebês judeus e salvasse Moisés para que ele pudesse libertar os escravos judeus. Deus então atingiu o povo egípcio (que também fora criado por Ele) com dez pragas. Finalmente, Ele enviou Seu anjo da morte para assassinar todos os primogênitos, porque Ele queria que o faraó libertasse os escravos judeus que Ele permitira sofrer por um longo tempo. Você poderia responder que é livre arbítrio do homem fazer atos de maldade… Mas… Os anjos somente agem seguindo instruções de Deus… Por que você desejaria rezar e prestar homenagem a um matador invisível de bebês?”
Judeu:
“Querido Insensível,

Aceito a sua pergunta pela ingenuidade. As melhores questões de todas são as irreverentes que desrespeitam o protocolo e não se enquadram na mentalidade coletiva convencional. Sua pergunta capta o conflito que pessoas enfrentam na atualidade, quando confrontam a história do Êxodo ou outros eventos bíblicos.
Quem ler a Torá (Essencialmente torá em hebraico significa ensinamento, se refere basicamente ao Pentateuco, ou seja, os cinco primeiros livros da bíblia. O nome Torá deriva da palavra hebraica Yará, que quer dizer ensinar, instruir, apontar para o alvo, estabelecer uma fundação. Na tradição judaica existem duas torá, a escrita e a oral.) literal com um olhar honesto não poderá deixar de ser levado pelo dilúvio de violência e guerra em nome de um Deus vingativo. Algumas das maldições declaradas nela são sangrentas demais para repetir.
Não admira que um dos mais fortes estereótipos do nosso tempo seja alguém brandindo fogo, o evangelista da Bíblia socando o ar com o punho cerrado e a voz trêmula, invocando o nome do Eterno que atingirá os pecadores do mundo com pestilência e doenças. Quem com mente sã e espírito sadio desejaria associar-se com esta abordagem de fogo e pedra?
Tudo isso traz à mente uma das questões eternas – e mitos fundamentais – sobre a Torá): o ciclo aparentemente interminável de ira, violência, raiva, inveja e vingança – todos por parte do Divino. Que espécie de Deus é tão punitivo? E quem desejaria abraçar um Deus furioso e violento?!…
Acrescente à equação milênios de abuso religioso autoritário, e teremos todos os ingredientes para a profunda alienação e rejeição tola de todas as coisas religiosas hoje. Quem afinal deseja um relacionamento com um Deus tão punitivo, vingativo e sangrento? Na verdade, por este exato motivo muitas pessoas encontram muito mais consolo no amor e gentileza dos textos religiosos que não sejam da Bíblia. Parece mais apropriado que um livro espiritual deveria fazer você se sentir aquecido e fortalecido, em vez de expô-lo a uma avalanche de guerras, traições e retribuições.
Ainda mais intrigante é o fato de que essa mesma Torá seja o alicerce da civilização. Os princípios morais dos Dez Mandamentos continuam sendo a maior declaração de virtude e ética. Em meio a toda a violência da história, os valores bíblicos se destacam até hoje como um exemplo reluzente dos mais nobres padrões que o homem pode jamais atingir. Como um livro tão violento produziu tanta beleza e na verdade fez nascer a benevolência, esperança, providência e todos os maiores ideais de que somos capazes?! Há sistemas de crença que são lindos no papel, mas na realidade causaram estragos à raça humana; a Bíblia parece soar beligerante no papel, mas quando aplicada, produz o estilo de vida mais refinado.
Revelar o mistério – e paradoxo – da Bíblia – exige um retorno às suas raízes. Qualquer tradução da Bíblia dificilmente reflete e faz justiça ao original hebraico e seus significados ricos e metafóricos. (Por esse motivo a tradução da Bíblia foi vista como um momento triste). Primeiramente o hebraico, em sua forma literal, é uma linguagem simbólica ao contrário da maioria das outras linguagens, que são literais, descritivas. Palavras como “fúria” e “vingança” têm significados e implicações completamente diferentes em hebraico e nas suas traduções.
Ainda mais importante é o fato de que a Torá “fala na linguagem do homem” (Talmud, Berachot 31b). Devemos eliminar quaisquer noções antropomórficas que possam ser deduzidas das expressões, conceitos e analogias bíblicas. Devem ser entendidas em termos não espaciais e não corpóreos. A Torá fala em linguagem humana para que possamos ter alguma concepção dessas ideias. Porém esses termos precisam ser despidos de quaisquer conotações temporais, espaciais e corpóreas, pois são todos não atribuíveis ao Divino.
A Torá não pode ser avaliada somente através de uma leitura literal. Até sua dimensão literal é infundida com camadas de significados – especificamente quatro camadas (literal, alegórica, homilética e mística) – embebidas uma dentro da outra.

Nossos sábios na verdade descrevem a Torá como um documento espiritual. Ela “fala sobre as coisas acima [espirituais] e alude a coisas abaixo [físicas].” Às vezes a Torá é comparada a um projeto arquitetônico, que o Arquiteto Cósmico usou para construir este universo. Portanto, em vez de impor nossos significados mortais, estreitos e superficiais nas palavras “ira” e “maldição”, a Torá nos desafia a nos abrirmos aos significados Divinos desses termos e experiências. Na verdade, esses mesmos conceitos se originam de suas raízes espirituais.
Duas distinções importantes devem ser feitas para diferenciar nossa experiência das emoções “agressivas” de suas contrapartidas Divinas (espirituais). A primeira é que nossas emoções são um emaranhado de forças saudáveis e doentias, muitas vezes impulsionadas pelos nossos próprios temores humanos, inseguranças e mesquinharias. (Em nosso mundo “não há bem sem o mal e nem mal sem o bem”). Até quando uma emoção agressiva é basicamente saudável, seus efeitos secundários podem com frequência aumentar até formas inadequadas de violência. Na dimensão Divina, por outro lado, todas as reações são formas saudáveis de expressão o tempo todo.

Em segundo lugar, no mundo do Divino toda “reação” é na verdade um reflexo de “causa e efeito”. De fato, nossos Sábios explicam que recompensa e castigo são na verdade causa e efeito. Você consideraria uma mão carbonizada sendo castigada pelo fogo? Quando alguém coloca a mão no fogo, o efeito natural é uma queimadura. Todas as reações aparentemente “sangrentas” na Torá são na essência o efeito coletivo “natural” de um mundo distorcido; um desalinhamento entre a existência e seu verdadeiro propósito.

A declaração da Torá “Deus estava furioso” significa que quando os seres humanos através do comportamento se distanciam de sua Divina imagem e chamado, eles têm o poder de causar o efeito de Deus de se distanciar de nós.
Ódio ao mal não deve ser confundido com o ódio que sentimos. O desprezo Divino ao mal é como as células brancas do sangue reconhecendo uma infecção como o inimigo, e atacando incessantemente para proteger a saúde do corpo.

O exílio egípcio – que foi previsto por Abraão 400 anos antes – foi parte do misterioso ciclo de vida e morte, alegria e sofrimento, que reflete a realidade da descida da alma a este mundo difícil.
Em nossa lida diária não vemos as verdadeiras causas e efeitos de nosso comportamento. Podemos magoar uns aos outros e jamais sentir a destruição que trazemos à nossa vida e ao mundo. A Torá – como um presente para nós – nos revela os mecanismos internos da vida, e todos os efeitos do comportamento humano.
Talvez jamais venhamos a entender por que crianças inocentes foram massacradas no Egito e no decorrer da história. Temos o direito, não a obrigação, de desafiar Deus por toda experiência sofrida que passamos. Mas ao mesmo tempo, devemos lembrar que se não houvesse vida não haveria morte. Se não houvesse júbilo não haveria sofrimento. Ficamos profundamente perturbados (em nossa mente) por qualquer morte sem sentido; e isso é correto. Porém nossa perturbação deveria servir como um lembrete de que nossa vida consciente – e o universo como um todo – se sente desconectada da nossa fonte e temos o poder de reparar o vazio.
As consequências dessa desconexão não são o problema, mas parte da solução. Quando sentimos dor reclamamos sobre o desconforto, mas a dor é um lembrete e um reflexo de que algo precisa de reparo. Mesmo que preferíssemos não sofrer as consequências, uma vida honesta sentiria os efeitos para que pudessem servir para trazer a cura.
Por mais doloroso que tenha sido o exílio egípcio, ele forjou uma nação eterna, imbuída para sempre com a compulsão natural para a liberdade. Pode-se dizer que o exílio e a redenção do Egito deram origem à liberdade – uma liberdade que começaria uma marcha contínua que levou às liberdades e direitos que hoje aceitamos como certos.
A retribuição Divina aos egípcios também é uma história de causa e efeito. Aqui não é o local para elaborar, mas as Dez Pragas são na verdade um fascinante projeto dos dez efeitos psicológicos de crimes contra a humanidade. Os egípcios foram os primeiros a escravizar uma nação inteira baseados puramente em sua raça. Este não foi um pecado pequeno. Teve profundas consequências que ecoaram na história.
Na verdade, a história do Êxodo começa com Deus aparecendo a Moisés numa sarça ardente. Por que não aparecer numa linda árvore frutífera? Porque Deus queria demonstrar a Moisés que Eu estou com você não apenas na alegria, mas também no sofrimento; não somente na beleza, mas também no espinho.”

Portanto, apesar dos mistérios de Deus, tudo tem uma causa (que muitas vezes não entendemos), mas que nos levará a cumprir Seus projetos mesmo que eles pareçam estranhos. Então não pense ou diga que Deus é mal, pois Ele é justo, e para ser justo, muitas vezes Ele tem que fazer coisas desagradáveis para que a Justiça seja feita e não haja caos, desordem e até mesmo dor.