sábado, 30 de janeiro de 2016

Sábios Xavantes

Sábios Xavantes
Em 1974, dois caciques da nação Xavante vieram visitar a cidade de São Paulo. Na época, os xavantes não usavam o dinheiro como meio de qualidade de vida. Para eles, qualidade de vida era alimento, porque era o jeito de garantir sobrevivência.
O avião deles, que vinha de Cuiabá, pousou em Congonhas e eles foram levados ao abrigo da FUNAI, que ficava na Vila Mariana. No dia seguinte, foram convidados a passear. Ficaram boquiabertos com a Avenida Paulista, 2,5 km de catedrais financeiras. Foram levados a andar de metrô, que acabava de ser inaugurado. Ficaram pasmos com a velocidade daquele transporte. Foram levados ao shopping. Havia apenas dois naquela época, hoje são cerca de sessenta. Sabe o que eles não conseguiram entender no shopping e a gente não conseguiu explicar? Por que a gente entrava num lugar cheio de espelho. Eles achavam inacreditável que, num mundo cheio de gente, as pessoas gostassem de se ver, por que querer ver a si mesmo? Esse excesso de espelho é símbolo ético também, de certa forma de egonarcisismo, que veio sobre nós.
Foram levamos também a um lugar magnífico, o Mercado Municipal, no centro da cidade. Aquilo é uma espécie de entreposto comercial, projetado por Ramos de Azevedo, grande arquiteto que fez o Teatro Municipal e a Faculdade de Saúde Pública. E no Mercado Municipal é comida para todo lado. Eles deram dois passos e ficaram pasmos. Pilhas de alface, de tomates, de cenoura, de laranja e etc. Ficaram com o olhar talvez como o nosso olhar ficaria se entrássemos no cofre de um banco. Em certo momento, um deles viu uma coisa que nenhum e nenhuma de nós notaria. Ele cutucou o homem que o acompanhava no passeio e perguntou: “O que ele está fazendo?” E apontou para um menino negro e pobre (o membro da FUNAI sabia que ele era pobre por causa da roupa, já o xavante não saberia) que estava no chão a pegar alface pisada, tomate estragado, batata já moída e colocando num saquinho. Nenhum e nenhuma de nós se importaria com aquilo, pois para nós é algo normal. Normal? Cuidado com o conceito de normal.
Nós falamos: “Ué, ele está pegando comida”. O cacique não disse mais nada. Ele continuou andando, mas não prestou atenção em mais nada. Depois de uns 15 minutos, ele falou:
-- Eu não entendi. Por que ele está pegando essa comida estragada aqui no chão, se tem essa pilha de comida boa?
-- É que para pegar comida dessa pilha aqui precisa de dinheiro.
-- E ele não tem dinheiro?
-- Não tem.
-- Por que não tem dinheiro? – indagava o cacique.
No que ele está cutucando? Na nossa base ética e no nosso valor de vida. A gente acha que uma criança com fome, mesmo diante de uma pilha de comida boa, pode comer comida estragada. Porque a vida é assim. “É normal.”
-- Ele não tem dinheiro porque ele é criança.
-- E o pai dele tem?
-- Não, o pai dele não tem.
-- Não entendi. Por que você, que é grande, tem e o pai dele, que é grande, não tem? De qual pilha você come, dessa daqui ou a do chão?
-- Dessa daqui.
-- Por quê?
 A única resposta possível para o cacique naquele momento foi a resposta que algumas pessoas que já desistiram dão: “Sabe o que é? É que aqui as coisas são assim”.
Os dois índios, diante da resposta, pediram para ir embora não do mercado, mas para ir embora de São Paulo. E falaram uma coisa um tanto surpreendente: “Vamos embora. Veja como eles são “selvagens”.

Com isso quero leva-los a reflexão, que assim como aconteceu com esses índios, estamos considerando o ato de pecar como algo normal; um hábito! Está certo que é impossível não pecar, mas está certo torna-lo um hábito? O pecado é como uma droga. Quanto mais se “usufrui” dele mais você se acostuma e acha “normal”. Ele vicia. E o pior é que quem não usufrui dessa droga (o pecado) é esquisito (a). Acho que hoje estamos vivendo uma inversão de papeis: trocando o certo pelo errado, vivendo os maus costumes como rotina e os bons costumes como caretas. Precisamos lutar contra o pecado todos os dias e vencer essa batalha. Ou vencemos o pecado ou ele nos vence. E as consequências da derrota são catastróficas. Em Efésios 6.13-17 nos é citado como devemos estar vestidos para essa batalha diária com o pecado: “Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo. Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça e tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz. Além disso, usem o escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.” Para Jeová, civilizado é aquele que não faz do pecado um hábito e uma rotina. E aí, você é civilizado (a)?

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